sábado, 31 de dezembro de 2016

D. Sebastião I "O Desejado" (1557 - 1578)

D. Sebastião
D. Sebastião I foi o décimo sexto rei de Portugal e o sétimo rei da dinastia de Avis. Neto de D. João III, herdou o trono aos três anos, sendo a regência assegurada primeiro pela sua avó Catarina de Áustria e depois pelo seu tio-avô Cardeal Infante D. Henrique. Era também neto (pelo lado da sua mãe) do imperador Carlos V de Espanha. Recebeu o cognome de “o Desejado” após a morte de seu pai (faleceu antes de Sebastião nascer), pois o seu nascimento garantiria a continuação da dinastia de Avis e a impossibilidade de acontecer a união dinástica entre Portugal e Espanha. Durante o período de regência até D. Sebastião atingir a maioridade, Portugal apenas adquiriu as possessões de Macau e Damão. A expansão colonial do reino foi interrompida, para dar prioridade à defesa dos territórios já conquistados. Fruto da entrada da Inquisição em Portugal, a Igreja Católica continuou a ver reforçado o seu poder no país e a ação legislativa passou a centrar-se nos assuntos de âmbito religioso, garantindo a expansão da Inquisição até à Índia, assim como a criação de novas dioceses. Sua avó, D. Catarina, ainda como regente pediria ao Papa a autorização para a criação da Universidade de Évora, sendo esta seria entregue ao cuidado da gestão dos Jesuítas. D. Catarina acabaria por pedir a demissão de regente nas Cortes de Lisboa de 1562, após ser acusada de sofrer influências da Corte Espanhola, ficando como regente o seu tio o cardeal D. Henrique. Durante o período do reinado de D. Sebastião, seriam também construídas diversas fortalezas para proteger a marinha mercante ao largo do Brasil e da Índia, onde os ataques dos piratas eram constantes. Já no norte de África os muçulmanos continuavam as suas ameaças às possessões portuguesas, possessões essas cada vez mais encaradas com menor interesse comercial ou estratégico. A defesa destas possessões custava muito dinheiro à coroa portuguesa, tanto em homens como em armas, e necessitavam de importar tudo para garantir a sua subsistência. Além do mais, estas possessões no Norte de África não representavam vantagens económicas significativas para Portugal. Embora as possessões portuguesas no Norte de África já fossem consideradas não prioritárias, as pressões dos turcos em expandir o império otomano e reconduzir a reconquista em direção à península ibérica, levariam D. Sebastião, após a sua subida ao trono, a ponderar um processo de expansão no norte de África para impedir e conter o possível avanço dos turcos. É importante frisar que em 1574 os turcos haviam conquistado Tunis, o que lhes garantiu o controlo sobre todo o norte de África à exceção de Marrocos. Mulei Mohammed, até então Xerife de Marrocos, foi deposto pelo seu tio Mulei Moluco, que se tornaria um vassalo dos turcos e viria a ameaçar as possessões portuguesas. Mulei Mohammed viria a pedir o auxílio de D. Sebastião e o rei português começaria assim a planear aquela que ficou conhecida como a batalha de Alcácer-Quibir (conhecida em Marrocos pela “Batalha dos Três Reis”). Contra diversas opiniões que eram contra o Rei participar nesta investida, por nem sequer ser casado ou ter assegurado descendência, D. Sebastião parte para o Norte de África com um exército por si preparado, deixando novamente na regência do reino o seu tio cardeal D. Henrique. A batalha viria a ocorrer a 4 de agosto de 1578. Os portugueses aliaram-se ao exército de Mulei Mohammed e combateram o exército do sultão Mulei Moluco que tinha o apoio do império otomano. D. Sebastião, contagiado com um intenso fervor religioso, viria ainda a juntar mercenários do Sacro Império Romano-Germânico, tropas dos Estados Papais, e voluntários vindos do Reino de Espanha. Um total de cerca de 23 mil homens (cristãos e muçulmanos) combateriam cerca de 60 mil muçulmanos. Até então as ações militares em África tinham-se limitado a pequenas expedições ou invasões. Agora, e com o apoio da burguesia e da nobreza, o Rei preparava uma grande ofensiva, aproveitando a guerra civil instalada em Marrocos. A batalha resultou na derrota do exército português, tendo supostamente perecido em campo o Rei D. Sebastião e os dois sultões rivais (daí o nome Batalha dos Três Reis, pelos três reis supostamente falecidos). As forças portuguesas eram em muito menor número que as adversárias e eram principalmente compostas por soldados inexperientes e pouco treinados. A derrota causada viria a causar sérias dificuldades ao país: grande parte da sua nobreza desaparecera ou fora capturada, o mesmo se passando com o clero que participava nesta missão. Vários Bispos foram capturados ou mortos. E o resgaste dos sobreviventes só viria a agravar ainda mais as dificuldades financeiras do país. O suposto corpo de D. Sebastião foi transladado para o Mosteiro dos Jerónimos em 1582 por indicação do novo Rei Filipe I de Portugal. No entanto, existem muitas teorias sobre o desaparecimento do Rei, algumas das quais tentam comprovar que o Rei haveria de regressar com vida a Itália, sendo preso por Filipe I de Portugal para assegurar que o trono português se manteria nas suas mãos. Embora estas teorias não sejam objeto de análise ou descrição neste livro, o certo é que a perda em batalha de D. Sebastião condicionou severamente o futuro de Portugal. D. Sebastião nunca reuniu as Cortes e como Rei provavelmente nunca chegou a visitar o interior de Portugal. O seu curto reinado ficaria profundamente ligado à preparação de uma batalha que poderia colapsar o futuro de Portugal, enquanto nação independente.

Principais pontos a destacar na governação de D. Sebastião I:
• Durante o período da regência, inaugura a Universidade de Évora e investe-se na reconstrução de inúmeras fortalezas para proteger a marinha mercantil portuguesa;
• Nunca reuniu as Cortes, promovendo uma visão de absolutismo e egocentrismo;
• Perde a Batalha de Alcácer-Quibir, condenando o futuro de Portugal durante quase os 60 anos seguintes.

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