sábado, 31 de dezembro de 2016

D. Sancho I "O Povoador" (1185 – 1211)

D. Sancho I
D. Sancho I foi o quarto filho de Afonso Henriques.
Foi batizado com o nome de Martinho pois o seu nascimento ocorreu a 11 de novembro de 1154, dia do Santo com esse nome. No entanto, o seu irmão mais velho, D. Henrique, viria a falecer ainda muito novo, alterando a ordem de sucessão e também o seu nome, passando a chamar-se Sancho Afonso. Com 16 anos, em 1170, é armado cavaleiro pelo seu pai Afonso Henriques após o acidente de Badajoz, tornando-se assim o braço direito do Rei, tanto na área militar como administrativa. Como Portugal mantinha uma relação tensa com os Reinos de Castela e Leão, e como a Igreja Católica demorava em consagrar a independência de Portugal, D. Afonso Henriques procurou aliados dentro da Península Ibérica, tendo encontrado no Reino de Aragão, inimigo de longa data do Reino de Castela, o reconhecimento que procurava para a sua independência (o Reino de Aragão foi assim o primeiro Reino a reconhecer Portugal como país independente). A aliança entre Portugal e Aragão foi firmada em 1174, com o casamento entre Sancho e a infanta Dulce, irmã mais nova do rei Afonso II de Aragão. D. Sancho, ainda antes de se tornar rei, em 1178, decide atuar preventivamente contra os mouros, confrontando-os junto a Sevilha, para os impedir de entrar novamente em território português. Com a vitória conseguida, D. Sancho consolida a sua liderança junto do exército português, ganhando o seu respeito e admiração. A vitória encheu de orgulho o seu pai Afonso Henriques mas irritou profundamente os muçulmanos, dado que Sevilha era a cidade mais rica e importante da Península Ibérica. Os muçulmanos prometeram vingança e em 1184 atacariam Santarém. D. Sancho, temendo novas investidas, procurou apoio junto das ordens religiosas militares, tal como seu pai já havia antes feito. Com a morte de Afonso Henriques, a 9 de dezembro de 1185, D. Sancho I torna-se o segundo rei de Portugal, tendo sido coroado na Sé de Coimbra, capital do Reino de Portugal. Uma das primeiras grandes decisões de D. Sancho I foi o de findar as guerras junto à fronteira com a Galiza e dedicar-se às guerras a sul. Esta decisão consolidou a fronteira norte de Portugal e permitiu a expansão do território português para sul. Aproveitando a passagem pelo porto de Lisboa dos cruzados da terceira cruzada, em 1189, conquistou Silves, na altura um dos mais importantes centros económicos do Sul, com uma população estimada em torno das 20 mil pessoas. Sancho I ordena então a fortificação da cidade e construiu um castelo que ainda hoje é um dos marcos de Silves. Esta conquista ficou marcada pela sua efemeridade, dado que no ano seguinte o exército muçulmano haveria de atacar novamente a cidade conseguindo capturá-la. A contra-ofensiva muçulmana foi impelida pela conquista de 1189 de Sancho I, e resultou em perdas avultadas para Portugal: grande parte do Alentejo foi perdido, tendo o exército muçulmano chegado até à margem esquerda do rio Tejo, ficando apenas a cidade de Évora em poder dos cristãos. Entre 1190 e 1191, o exército muçulmano de Abu Yusuf Ya’qub al-Mansur, o terceiro califa do Califado Almáda de Marrocos (tendo subido ao trono do império em 1184), tomou as cidades de Alcácer do Sal, Palmela, Almada, Torres Novas e Abrantes. Tomar, que foi cercada, foi defendida ferozmente pelos cavaleiros templários de Gualdim Pais que ao resistir conseguiram travar a invasão. Só em 1195, seria firmada novamente a paz entre o Reino de Portugal e este Califado, concentrando-se o califado na guerra contra o Reino de Castela. Sancho I optou então por dedicar grande parte do seu esforço à organização e administração do seu reino. Conseguiu acumular o tesouro real, incentivou a criação de indústrias, e estimulou a classe média de comerciantes e mercadores. Sancho I concedeu várias cartas de foral a cidades como Gouveia, Covilhã, Viseu, Bragança e Guarda, criando novos concelhos e contribuindo para a povoação de áreas remotas do reino, em particular com imigrantes da Flandres e Borgonha. Ao todo, Sancho I concedeu dezenas de cartas de foral (há relatos que referem terem sido 58 cartas ao todo), e fixando nalgumas delas isenção de impostos, terras para cultivo e perdão de crimes para quem se fixasse junto à fronteira. Sancho I ficaria também recordado pelo seu gosto com as artes e a literatura, tendo elaborado vários volumes com poemas e incentivado a frequência de portugueses nas universidades estrangeiras. Os seus anos de reinado acabariam por não ser tão extensos como os de seu pai, tendo falecido em 1211, completando cerca de 26 anos de reinado.

Principais pontos a destacar na governação de D. Sancho I:
• Consolida as frentes de ataque lusitanas, optando por concentrar as suas forças a Sul, em vez de a norte;
• Derrota os muçulmanos em Sevilha, e conquista Silves, mas essa conquista inflama o sentimento muçulmano contra Portugal, e seguem-se uma série de derrotas e perdas territoriais no sul do país;
• Sancho I opta por reforçar as condições económicas de Portugal, incentiva a criação de indústrias, concede diversas cartas de foral criando novos concelhos e formula políticas para povoamento do território nacional.

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