sábado, 31 de dezembro de 2016

D. Afonso II "O Gordo" (1211 – 1223)

D. Afonso II

Afonso II sucederia ao seu pai a 26 de março de 1211, em Coimbra. Nascido a 23 de abril de 1185, ano da morte do seu avô Afonso Henriques, Afonso II enfrentou um reinado bastante curto de apenas 12 anos. Ao invés dos seus antecessores, Afonso II preferiu ser menos belicista: acabou por não contestar as suas fronteiras com Galiza e Leão, nem procurou a expansão para Sul. As conquistas que ocorreram no seu reinado, nomeadamente a posse das cidades de Alcácer do Sal, Borba, Vila Viçosa e outras apenas aconteceram por iniciativa de um grupo de nobres liderados pelo Bispo de Lisboa. Afonso II deu sempre prioridade, na sua governação, à consolidação da estrutura económica e social do país, tendo também procurado estabelecer tratados comerciais com diversos países. Os primeiros 5 anos do seu reinado seriam também caracterizados por violentos conflitos internos contra as suas irmãs Teresa, Sancha e Mafalda, a quem Sancho I deixara em testamento alguns castelos e respetivas vilas no centro do país: Montemor-o-Velho, Seia e Alenquer. Este conflito entre irmãos só viria a ser resolvido por intermédio do Papa Inocêncio III, tendo indemnizado as infantas com dinheiro e entregue a guarnição dos castelos a cavaleiros templários, ficando a coroa, neste caso o Rei Afonso II, a exercer funções soberanas sobre estas terras. Do ponto de vista militar, o maior contributo que Afonso II deixaria como legado para o seu país acabaria por ser a decisão de enviar tropas portuguesas para lutar com as forças castelhanas, aragonesas e francesas contra os muçulmanos na batalha de Navas de Tolosa. Esta batalha ocorreu a 16 de julho de 1212, perto de Navas de Tolosa, em Espanha, e juntou também, na coligação liderada por Afonso VIII de Castela, cavaleiros do Reino de Leão e as ordens militares de Santiago, Calatrava, Templários e Hospitalários. Os cristãos seriam cerca de 100 mil homens e os muçulmanos cerca de meio milhão. Os cristãos, mesmo em menor número, conseguiram sair vitoriosos da batalha e quebrar com o domínio muçulmano na Península Ibérica. Afonso II que ao enviar homens para a frente desta batalha, ficou praticamente sem exército em Portugal, viu o norte do país ser invadido por forças do Reino de Leão a pedido da sua irmã D. Teresa. Afonso II assistiu ainda a uma derrota num combate em Valdevez, quando os seus poucos homens tentaram defrontar as forças de Leão e os cavaleiros de D. Teresa. Impossibilitado de prestar defesa ou resistência às tropas de Leão, o seu reinado apenas seria salvo pelo facto de ter apoiado o exército de Afonso VIII de Castela contra os muçulmanos, e no seguimento da vitória, o seu exército ter regressado a Portugal. Afonso VIII de Castela havia também conseguido que o Papa declarasse esta batalha contra os muçulmanos uma cruzada, o que impediu, sob pena de excomunhão, que o Reino de Leão atacasse quer Portugal quer Castela. As tropas de Afonso IX de Leão regressaram assim ao seu reino, abandonando por completo os interesses de D. Teresa e fragilizando as pretensões das infantas ao trono português. Foi no reinado de Afonso II que foram criadas as primeiras leis escritas (nomeadamente sobre propriedade privada, direito civil e cunhagem de moeda) e pela primeira vez reunidas cortes com representantes do clero e nobreza. Em 1220 o Rei instituiu as inquirições, inquéritos realizados por funcionários régios com vista a especificar a situação jurídica das propriedades do reino. O seu reinado acabaria por ficar marcado por um combate constante contra as classes privilegiadas, isto porque seu pai e avô concederam grandes privilégios ao clero e nobreza e Afonso II preferia ver o poder real ser fortalecido. A título de exemplo, Afonso II tentou combater os privilégios ao clero que o seu avô Afonso Henriques havia implementado, com vista à obtenção da independência de Portugal, pois esses privilégios começaram a tornar-se um grande peso para o país. Afonso II procurou então aplicar parte das receitas das igrejas em propósitos de utilidade nacional, o que provocou um conflito diplomático entre Portugal e o Papado. Afonso II foi mesmo excomungado pelo Papa Honório III, tendo morrido em 1223, ou de lepra ou da excessiva obesidade que caracterizava o Rei.


Principais pontos a destacar na governação de D. Afonso II:
• Participa na Batalha de Navas de Tolosa, ao lado do Rei de Castela, tendo conseguido uma importante vitória face aos muçulmanos;
• Vive em conflito com as suas irmãs, tendo estas tentado conquistar o trono com a ajuda do Reino de Leão;
• Procurou estabelecer diversos tratados comerciais com países estrangeiros para fortalecer as condições económicas do reino;
• Cria as primeiras leis escritas sobre a propriedade privada, direito civil e moeda;
• Reúne as primeiras cortes com representantes do clero e da nobreza;
• Combate as classes privilegiadas para fortalecer o poder do Rei.

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